Resumo do livro "Superprevisões"
- Júnior Beltrão
- Jul 3, 2019
- 4 min read
Updated: Mar 19, 2022
Todas as nossas decisões envolvem prognósticos sobre o futuro, agimos com base em previsões implícitas do que provavelmente vai acontecer.
O problema é que costumamos errar muito mais do que acertar. Em um estudo que durou vinte anos, o psicólogo e cientista social Philip Tetlock demonstrou que, ao prever o futuro, um especialista é apenas um pouco melhor do que um leigo. No entanto, com base nos resultados de uma pesquisa inovadora, Tetlock provou que alguns indivíduos têm uma extraordinária habilidade de previsão 60% mais precisa que a média. Este livro revela os segredos desse grupo de elite e oferece conselhos práticos sobre como podemos usá-los em benefício próprio.

Superprevisões
Em determinadas áreas, como resultados de jogos esportivos, previsões do tempo e mercado de ações, constantemente tentamos prever o futuro.
Mas essas não são as únicas áreas em que podemos criar previsões, na maioria das áreas da vida nós tentamos prever as coisas, e nos incomodamos quando elas não saem como esperávamos.
A função das superprevisões, que são corrigidas e realinhadas a cada nova informação e analisadas e melhoradas depois que o momento da previsão passa, é garantir que as nossas previsões se tornem melhores e mais precisas.
As superprevisões são habilidades reais e mensuráveis que podem ser ensinadas e melhoradas através dos investimentos certos.
As pessoas confiam cada vez mais em suas previsões e nunca querem estar erradas. O problema é que isso pode sabotar as métricas e ocasionar interpretações equivocadas a respeito do futuro.
"Fuzzy thinking can never be proven wrong. And only when we are proven wrong so clearly that we can no longer deny it to ourselves will we adjust our mental models of the world—producing a clearer picture of reality. Forecast, measure, revise: it is the surest path to seeing better."
O método Brier
Para você alcançar uma maior precisão, a melhor maneira é manter uma pontuação.
O método mais utilizado para medir a precisão das previsões é o método Brier, batizado em homenagem a Glenn W. Brier, que é baseado em uma pontuação.
A pontuação só pode ser usada para resultados binários, onde há apenas dois eventos possíveis, como por exemplo “choveu” ou “não choveu”.
Também poderia ser usada para resultados categóricos, desde que eles possam ser estruturados como resultados binários, ou seja, “verdadeiro” ou “falso”.
Quanto mais baixa é a nota, mais precisa é o resultado. Sendo que, uma nota zero gera uma precisão (digamos que) perfeita.
Por exemplo, se você está prevendo a possibilidade de chuva em um determinado dia, você calcula a pontuação Brier da seguinte forma:
Se a previsão for 100%, a probabilidade é igual a 1, e chove, então a pontuação de Brier é 0, o melhor resultado possível.
Se a previsão for 100% e não chover, a pontuação de Brier será 1, o pior resultado possível.
Se a previsão for de 70%, a probabilidade é igual a 0.70, e chove, então a pontuação Brier é (0.70−1) 2 = 0.09.
Método Fermi
Pessoas capazes de fazer excelentes previsões não são gênios com informações privilegiadas, na verdade, essas pessoas lidam com um problema impossível quebrando-o em problemas menores.
Isso é conhecido como o estilo de pensamento Fermi, baseado no físico Enrico Fermi, figura central na criação da bomba atômica, que estimou com uma precisão incrível, por exemplo, o número de afinadores de piano em Chicago, sem possuir nenhuma informação prévia.
A solução para este problema envolve a tomada de alguns pressupostos, e a multiplicação dos fatores. Primeiro, devemos assumir algumas hipóteses:
Existem aproximadamente 9 milhões de pessoas morando em Chicago;
Existem, em média, duas pessoas morando em cada casa em Chicago;
Uma casa em vinte possui um piano que é afinado regularmente;
Pianos que são afinados regularmente, são afinados em média uma vez ao ano;
Leva para um afinador de piano, em média, duas horas para afinar um piano, contando a viagem;
Cada afinador de piano trabalha 8 horas por dia, 5 dias na semana e 50 semanas ao ano.
Vale lembrar que a resposta vai estar tão boa quanto as suposições feitas, ou seja, para resultados próximos do real, é necessário que as suposições feitas sejam plausíveis.
Portanto, para calcular o número de afinadores, primeiro descobrimos quantas afinações de piano são feitas por ano.
Assim temos que:
(9 milhões de pessoas) / (2 pessoas por casa) X (1/20 casas que possuem piano) X (1 afinação do piano por ano) = 225 mil afinações por ano.
Agora, calculamos quantas afinações de piano cada afinador de piano faz em um ano. Para isso temos que (50 semanas/ano) X (5 dias por semana) X (8 horas por dia) / (2 horas cada afinação) = 1000 afinações de piano por afinador de piano.
Dividindo, um pelo outro, chegamos ao número de afinadores de piano na cidade de Chicago (225 mil pianos afinados por ano em Chicago) / (1000 afinações de piano por afinador de piano) = 225 afinadores de piano em Chicago.
O número verdadeiro de afinadores de piano era cerca 290 afinadores. Isso mostra que o número estimado é compatível com o real.
Fermi fez isso, primeiro, separando o que é conhecido do que não é conhecido. Ele lidou com questões básicas primeiro, e depois pensou em suposições subsequentes. É dessa forma que boas previsões são feitas.
Resumo do resumo
Previsões devem ser claras, de modo que seja fácil para qualquer observador concordar ou discordar;
As previsões precisam de uma data concreta para a realização, é preciso deixar claro quando as coisas acontecerão;
As previsões devem ser probabilísticas;
As previsões devem usar números específicos para as probabilidades;
É preciso fazer muitas previsões.
Sobre o autor: Philip E. Tetlock é um escritor de ciências políticas canadense-americano e atualmente é professor da Universidade Annenberg na Universidade da Pensilvânia, onde é nomeado na Escola Wharton e na Escola de Artes e Ciências da Universidade de Pensilvânia. Ele foi eleito membro da Sociedade Filosófica Americana em 2019.
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